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18 Maio
Dia Internacional dos Museus
Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal

Em destaque:
Visita ao Património Azulejar de Setúbal (10h30 e 15h30)
Atelier de Azulejaria-  Para crianças e jovens e adultos também
Venha pintar o seu azulejo e descobrir o universo da azulejaria.


Percurso das visitas
As visitas ao exterior irão realizar-se ao longo da Avenida Luisa Todi, num passeio descontraído dirigido para a apreensão da particular atmosfera e luminosidade desse espaço, e em especial para a observação de alguns aspectos do património azulejar:
1)       Fachadas revestidas a azulejos de padrão dos finais do séc. XIX/inícios do séc. XX;
2)       Painéis azulejares figurativos do Mercado do Livramento, datados de 1929 e 1930, da autoria de  Pedro Pinto, em azul e branco, na tradição da distante azulejaria do séc. XVIII. Apresentam cenas do quotidiano dos setubalenses como por exemplo a faina da pesca, a exploração do sal e ainda trabalhos de lavoura. Os silhares de azulejos da autoria de Rosa Rodrigues e datados de 1944 completam a visão sobre a Setúbal da primeira metade do século XX, com imagens da cidade, do campo e do rio emolduradas por frisos de laranjas de Setúbal.
3)       No antigo Largo da Ribeira Velha, haverá tempo para observar os azulejos de fachada de meados do séc. XIX, com a presença de simbologias maçónicas, da autoria do conhecido “Ferreira das Tabuletas”, de seu nome Luís Ferreira.




Enquadramento da visita: breve introdução à história do azulejo
A origem da palavra azulejo tem sido controversa. À semelhança do objecto que designa, o termo azulejo tem origem árabe, derivando de vocábulos como al zulaycha e zuléija que tanto significam “pequena pedra lisa e polida” como “ladrilho”.
O azulejo destinado ao revestimento e decoração da arquitectura consiste genericamente numa
uma placa de barro cozido, de espessura variável, decorada e vitrificada em uma das faces.
A divulgação do azulejo na Península Ibérica, mais precisamente no Levante Espanhol e Andaluzia, surge no séc. XIV, devido à actividade dos artífices mouros que produziam grandes placas de barro cobertas de vidrado colorido monocromático que, uma vez cozidas, cortavam em tecelos geométricos de diversas formas que eram depois recombinados em belos desenhos decorativos, produzindo mosaicos polícromos sobretudo de formas geométricas. Este processo de fabrico, que originou os revestimentos cerâmicos “alicatados” (utilização de um alicate para o corte), era no entanto muito dispendioso.
Na Andaluzia (Málaga e Sevilha) o artesanato dos oleiros mudéjares viria a produzir os azulejos de "corda seca" e de "aresta", que ficaram conhecidos por hispano-árabes e tiveram em Portugal muitos apreciadores, responsáveis pela sua importação em apreciável quantidade para a decoração de obras palacianas e religiosas. As técnicas de corda seca e de aresta garantiam a separação das cores através de barreiras físicas inscritas em negativo ou positivo no azulejo. A temática decorativa é de carácter geométrico.
A partir de meados do séc. XVI, divulga-se o azulejo de superfície lisa, onde a utilização do esmalte estanífero branco impede a mistura dos pigmentos, tornando possível a pintura directa sobre o vidrado (técnica da majólica). Esta inovação tecnológica contribui decisivamente para a renovação do panorama artístico do azulejo peninsular e associa-se a uma estética renascentista com a sua gramática decorativa figurativista e mitológica.
Em Portugal, como em nenhum outro país, o azulejo acabaria por assumir posição de destaque no universo artístico nacional, devido à escala monumental da sua aplicação e do volume da produção atingidas a partir do séc. XVII. No século XVII, coexistem diferentes produções azulejares como os enxaquetados, ainda na tradição estética mudéjar, os tapetes de padrão e as cenas figurativas.
A partir do último quartel do século XVII, o gosto pela porcelana chinesa azul e branca que rapidamente conquistou os países do Norte da Europa e se estendeu mais tarde aos países do Sul reflectiu-se também na azulejaria. A policromia dos azulejos do pleno século XVII foi sendo substituída pelo monocromatismo (azul sobre o branco).
Na primeira metade do séc. XVIII, o azulejo atinge em Portugal o seu maior esplendor. Após o terramoto de 1755, o revestimento azulejar espalha-se pelo país, e muito especialmente por Lisboa. No final do séc. XVIII, a moda impôs os modelos neoclássicos e o azulejo adapta-se facilmente a estas exigências estéticas.
                            A guerra imposta pela política napoleónica e as lutas que se seguiram, com as consequente perturbações económico-sociais, provocaram o declínio da produção do azulejo. Só na segunda metade do século XIX, com a industrialização e por influência dos emigrantes brasileiros (o azulejo levado pela corte portuguesa para o Brasil havia conquistado o exterior dos edifícios, revestindo integralmente as suas fachadas, face às boas qualidades reflectoras de luz e calor), retomam-se as velhas oficinas, agora modernizadas e de fabrico semi-industrial.
Nos inícios do século XX, o azulejo foi influenciado pelo movimento Arte Nova, surgindo em numerosos frontões e faixas decorativas de elementos florais e vegetalistas, os quais evoluíram para volumes e linhas mais geometrizadas por influência do estilo Arte Deco. A par destas produções azulejares em sintonia com os movimentos artísticos europeus, uma corrente tradicional, enraizada na tradição setecentista, de composições figurativas a azul e branco, irá manter-se e será especialmente valorizada no conceito de “Casa portuguesa”de Raul Lino.
O azulejo como suporte ao serviço da produção artística tem em Portugal larga aceitação. Entre outras obras pcultura﷽﷽﷽ra e luminosidade dessu dade deste espaço, e em especial para a observaçúblicas, o Metropolitano de Lisboa celebra justamente esse cunho artístico do azulejo português contemporâneo.
Através de produções de características mais eruditas ou populares, a arte azulejar continua a revelar a sua vitalidade e a reafirmar-se como uma das manifestações mais originais da cultura portuguesa.


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